quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Eu nunca vou esquecer de você, Isabela (III)

Não tive muito tempo de falar. Ela me beijou. Atônito, fiquei sem reação. Esperei que ela me falasse algo. Parecia que Isabela estava fazendo o mesmo. Ficou parada me olhando. Resolvi falar. Como havia pensado, disse a ela o que sentira naqueles dias, do amor que estava sentindo, da dor de estar longe e das dúvidas que tinha sobre ela.

Finalmente, Isabela resolvera abrir também o seu coração. Falou-me palavras que mais pareciam minhas. Também tinha dúvidas. Namorava há muitos anos, estava prestes a se casar e, apesar de saber que estava apaixonada por mim, não achava prudente arriscar. Morávamos longe, tínhamos vidas diferentes. Seriam mudanças bruscas para um risco que ainda era desnecessário.

No fundo, ambos queríamos jogar tudo para o alto e tentar. Esta palavra, inclusive, era a mais falada em nossas frases. Tentar. Tentar? Tudo parecia confuso entre nós. Pensávamos muito iguais. Talvez por isso estivéssemos tão apaixonados. Eu achava que ela era perfeita para mim. Descobrimos entre nós que ainda havia pessoas de bom coração no mundo.

Conversamos por aproximadamente 30 minutos. Fomos racionais. Faltava uma hora para o ônibos de Isabela partir. Ela precisava ir embora. Disse que me mandaria notícias, que jamais me esqueceria. Enfim, que me amava como jamais amara ninguém. Isso foi tão feliz quanto doloroso de ouvir. Ela me beijou rapidamente e se foi.

Há um ano recebi a última carta de Isabela. Leia uma parte:

"Só que não pense você que simplesmente as coisas voltaram ao 'normal'. Talvez a rotina um dia siga, mas nunca como se nada tivesse acontecido, como se VOCÊ não tivesse acontecido. Eu sinto a sua falta, das nossas conversas, das nossas brincadeiras. Ainda posso ver o seu sorriso. (...) Claro que a minha escolha faz com que eu tenha que abdicar das poucas, porém todas, coisas que ainda fazíamos juntos, mas isso não faz com que elas não continuem vivas dentro de mim.

Por sua causa eu voltei a acreditar em sentimentos que eu achava que nem mais existissem, eu voltei a acreditar nas pessoas... Eu vi que, se ainda existem pessoas como você, o mundo não está tão sem saída como eu pensava, que ainda vale a pena se permitir sentir, sem ter que colocar um 'porquê' antes do sentimento. Que destino existe sim, que signos não são invenções, que uma pessoa pode ser tão perfeita para você ao ponto de dar medo e que não é preciso estar junto, ver ou falar com alguém para que esse esteja sempre presente.

Não sei o que o destino me reserva para amanhã, se a minha escolha foi a melhor, se a minha tentativa vai dar certo ou não... Assim como o que acontecerá com você, quais escolhas você também está fazendo, mas nunca esqueça que eu nunca esqueço de você, de verdade.

Em breve entro novamente em contato.
Se cuida e fica feliz, que é só isso que importa.


Saudade,

Isabela."

Ela foi incrível. Uma das pessoas mais lindas que eu conheci na minha vida. Ainda hoje sonho em um dia poder tentar. Não sei se há mais tempo. Soube há poucas horas que ela agora está casada. Não importa. Isabela sempre terá uma cadeira cativa em meu coração.

Fim.

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